Cristiana Lôbo sabia ler as pessoas e fez disso um grande trunfo para sua audiência

Cristiana Lôbo Reprodução Cristiana Lôbo sabia ler as pessoas. Esta rara capacidade, que nascia da sua observação sagaz e do seu conhecimento da alma humana, foi talvez seu mais potente instrumento de trabalho e, por que não dizer, de vida. Ela lia as pessoas, suas contradições, aspirações, egos. A partir desta leitura, sabia o que falar, quase sempre de forma certeira. Quem a assistia nos comentários diários na GloboNews ficava espantado com as conexões que fazia entre situações comezinhas, do dia-a-dia de qualquer pessoa, com aquelas de quem habitava o poder. Acompanhei de perto esta faceta da Cristiana em ação no trabalho, entre colegas e amigos, sem nunca ter deixado de me admirar. Jornalistas e políticos homenageiam Cristiana Lôbo Lembro de estar com a Cristiana quando foi abordada pelo irmão de um político poderoso. O então desconhecido queria saber dela o que as pessoas pensavam dele, que se alçava à vida pública. Sem qualquer cerimônia, Cristiana respondeu: "Olha, ninguém está pensando nada porque ninguém o conhece". Eu fiquei chocada com a sinceridade. O interlocutor, depois de ouvir aquilo, parece que passou a admirá-la ainda mais. A mesmíssima sinceridade ela usava para falar com gente graúda, de ministros, governadores a presidentes – pessoas pouco acostumadas a ouvir frases sinceras de quem está à sua volta. A partir daquela abertura e da pouca cerimônia, conquistava fontes e garimpava informações que levava aos leitores e telespectadores. Lá por 2011 e 2012, no início do governo Dilma Rousseff, eu de volta a Brasília, discutia com a Cristiana aonde poderia levar o temperamento da presidente, pouco afeita a costuras políticas e praticante do isolamento na tomada de decisões. Naqueles almoços de sextas-feiras, que também eram uma prévia da gravação do seu programa Fatos e Versões, ela já enumerava histórias que mostravam como o temperamento dos presidentes foi e era decisivo para seus governos e também seus destinos políticos. Capa do livro 'O que vi dos presidentes', de Cristiana Lôbo e Diana Fernandes, que será lançado nesta terça (29) em Brasília Reprodução A semente do livro "O que vi dos presidentes", que será lançado nesta terça-feira (29) em Brasília, já estava bem viva. Nos anos seguintes, acompanhei aquelas histórias, desde o governo Sarney, serem organizadas neste trabalho tão lindamente finalizado pela Diana Fernandes, com empenho dos familiares Murilo, Bárbara e Gustavo. Ler este livro mostra como aqueles que detém o poder são, acima de tudo, humanos. Como a política, economia e o poder também são moldados pelo ego e pelas vivências pessoais. É a lição que Cristiana não nos deixa esquecer. Ao fim, somos todos humanos, não importa em que condição ou posição. Obrigada por tudo, Cristi. O legado deixado por Cristiana Lôbo no jornalismo político Lançamento 'O que vi dos presidentes – Fatos e Versões', Cristiana Lôbo e Diana Fernandes (Editora Planeta) Local: Museu da República – Brasília Horário: 19h

Cristiana Lôbo sabia ler as pessoas e fez disso um grande trunfo para sua audiência

Cristiana Lôbo Reprodução Cristiana Lôbo sabia ler as pessoas. Esta rara capacidade, que nascia da sua observação sagaz e do seu conhecimento da alma humana, foi talvez seu mais potente instrumento de trabalho e, por que não dizer, de vida. Ela lia as pessoas, suas contradições, aspirações, egos. A partir desta leitura, sabia o que falar, quase sempre de forma certeira. Quem a assistia nos comentários diários na GloboNews ficava espantado com as conexões que fazia entre situações comezinhas, do dia-a-dia de qualquer pessoa, com aquelas de quem habitava o poder. Acompanhei de perto esta faceta da Cristiana em ação no trabalho, entre colegas e amigos, sem nunca ter deixado de me admirar. Jornalistas e políticos homenageiam Cristiana Lôbo Lembro de estar com a Cristiana quando foi abordada pelo irmão de um político poderoso. O então desconhecido queria saber dela o que as pessoas pensavam dele, que se alçava à vida pública. Sem qualquer cerimônia, Cristiana respondeu: "Olha, ninguém está pensando nada porque ninguém o conhece". Eu fiquei chocada com a sinceridade. O interlocutor, depois de ouvir aquilo, parece que passou a admirá-la ainda mais. A mesmíssima sinceridade ela usava para falar com gente graúda, de ministros, governadores a presidentes – pessoas pouco acostumadas a ouvir frases sinceras de quem está à sua volta. A partir daquela abertura e da pouca cerimônia, conquistava fontes e garimpava informações que levava aos leitores e telespectadores. Lá por 2011 e 2012, no início do governo Dilma Rousseff, eu de volta a Brasília, discutia com a Cristiana aonde poderia levar o temperamento da presidente, pouco afeita a costuras políticas e praticante do isolamento na tomada de decisões. Naqueles almoços de sextas-feiras, que também eram uma prévia da gravação do seu programa Fatos e Versões, ela já enumerava histórias que mostravam como o temperamento dos presidentes foi e era decisivo para seus governos e também seus destinos políticos. Capa do livro 'O que vi dos presidentes', de Cristiana Lôbo e Diana Fernandes, que será lançado nesta terça (29) em Brasília Reprodução A semente do livro "O que vi dos presidentes", que será lançado nesta terça-feira (29) em Brasília, já estava bem viva. Nos anos seguintes, acompanhei aquelas histórias, desde o governo Sarney, serem organizadas neste trabalho tão lindamente finalizado pela Diana Fernandes, com empenho dos familiares Murilo, Bárbara e Gustavo. Ler este livro mostra como aqueles que detém o poder são, acima de tudo, humanos. Como a política, economia e o poder também são moldados pelo ego e pelas vivências pessoais. É a lição que Cristiana não nos deixa esquecer. Ao fim, somos todos humanos, não importa em que condição ou posição. Obrigada por tudo, Cristi. O legado deixado por Cristiana Lôbo no jornalismo político Lançamento 'O que vi dos presidentes – Fatos e Versões', Cristiana Lôbo e Diana Fernandes (Editora Planeta) Local: Museu da República – Brasília Horário: 19h