Inflação de julho veio acima do que o mercado esperava, mas parte de de serviços 'foi um pouquinho melhor', avalia presidente do BC
O IBGE informou mais cedo que a inflação oficial do país somou 0,12% em julho. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 3,99% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 2,99%. Ex-executivo do mercado financeiro, Campos Neto é presidente do BC e seu mandato termina no fim de 2024 Reuters via BBC O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta sexta-feira (11) que o resultado da inflação oficial em julho veio acima do que o mercado financeiro esperava. Ele proferiu palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap). Entretanto, Campos Neto acrescentou que a pressão inflacionária decorrente do setor de serviços, que o BC tem tem prestado mais atenção, "foi um pouquinho melhor". A instituição tem dito que a inflação de serviços é um fator importante para convergência do IPCA para as metas pré-definidas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou mais cedo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, foi a 0,12% em julho. "Olhando a inflação no Brasil, hoje saiu um número, o IPCA hoje de manhã, 0,12% [inflação de julho], um pouquinho acima do que o mercado esperava. A gente está olhando ainda o número por dentro. Mas a gente vê a inflação voltando para a meta. A gente olha a inflação em doze meses, ela é um pouco 'poluída' porque a gente teve a desoneração no ano passado, no segundo semestre [dos combustíveis durante as eleições], que jogou a inflação muito para baixo", declarou Campos Neto. Nesta quinta-feira (10), durante audiência no Senado Federal, o presidente do Banco Central informou que, por conta da redução dos combustíveis no fim do ano passado, fator que não será repetido em igual período neste ano, a inflação oficial "vai ter um movimento de alta em doze meses daqui até o fim do ano". Inflação em julho A inflação brasileira vinha desacelerando desde fevereiro. O indicador chegou a ter deflação de 0,08% em junho, mas neste mês voltou a acelerar puxado pelo grupo de Transportes (1,50%) e com destaque para a gasolina (4,75%). Em julho de 2022, o IPCA também teve deflação de 0,68%. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 3,99% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 2,99%. Dentro do grupo Transportes, que acumulou alta de 1,50% no mês e impacto de 0,31 ponto percentual no índice geral, a gasolina foi o maior destaque de alta. O combustível teve ganho de 4,75% no mês, além de contribuição de 0,23 p.p. no IPCA. A inflação de serviços desacelerou no mês de julho, para uma alta de 0,25% no mês ante 0,62% em junho. Com isso, o acumulado em 12 meses caiu para 5,63%. Contas públicas Campos Neto voltou a dizer que os resultados das contas públicas impactam as decisões do Banco Central sobre a taxa básica de juros, que teve, neste mês, a sua primeira redução em três anos - para 13,25% ao ano. Ele observou que o mercado financeiro ainda não acredita que as contas do governo terão seu déficit zerado em 2024 - conforme meta que consta na proposta de arcabouço fiscal, a nova regra para as contas públicas. O projeto já passou pela Câmara e Senado, mas precisa de uma nova análise pelos deputados para ter validade. "Precisa equilibrar as finanças para ter uma trajetória de longo prazo de queda dos juros", declarou o presidente do Banco Central. Segundo ele, a instituição consegue controlar somente a inflação de curto prazo, com base na fixação da taxa Selic. Explicou, porém, que as taxas de juros com as quais as empresas se financiam tem por base o mercado futuro - que oscilam de acordo com a confiança dos agentes da economia brasileira. Nesse caso, disse ele, os resultados das contas públicas são importantes. "Infelizmente, o BC não controla os juros do jeito que as pessoas pensam. A gente controla juros de um dia, acima disso é a taxa que as pessoas estão dispostas a emprestar para o governo. Se há percepção de mais risco, cobram mais. O importante é fazer um processo de queda dos juros com credibilidade, pois empresários não se financiam na Selic", disse Campos Neto.
O IBGE informou mais cedo que a inflação oficial do país somou 0,12% em julho. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 3,99% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 2,99%. Ex-executivo do mercado financeiro, Campos Neto é presidente do BC e seu mandato termina no fim de 2024 Reuters via BBC O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta sexta-feira (11) que o resultado da inflação oficial em julho veio acima do que o mercado financeiro esperava. Ele proferiu palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap). Entretanto, Campos Neto acrescentou que a pressão inflacionária decorrente do setor de serviços, que o BC tem tem prestado mais atenção, "foi um pouquinho melhor". A instituição tem dito que a inflação de serviços é um fator importante para convergência do IPCA para as metas pré-definidas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou mais cedo que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, foi a 0,12% em julho. "Olhando a inflação no Brasil, hoje saiu um número, o IPCA hoje de manhã, 0,12% [inflação de julho], um pouquinho acima do que o mercado esperava. A gente está olhando ainda o número por dentro. Mas a gente vê a inflação voltando para a meta. A gente olha a inflação em doze meses, ela é um pouco 'poluída' porque a gente teve a desoneração no ano passado, no segundo semestre [dos combustíveis durante as eleições], que jogou a inflação muito para baixo", declarou Campos Neto. Nesta quinta-feira (10), durante audiência no Senado Federal, o presidente do Banco Central informou que, por conta da redução dos combustíveis no fim do ano passado, fator que não será repetido em igual período neste ano, a inflação oficial "vai ter um movimento de alta em doze meses daqui até o fim do ano". Inflação em julho A inflação brasileira vinha desacelerando desde fevereiro. O indicador chegou a ter deflação de 0,08% em junho, mas neste mês voltou a acelerar puxado pelo grupo de Transportes (1,50%) e com destaque para a gasolina (4,75%). Em julho de 2022, o IPCA também teve deflação de 0,68%. Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 3,99% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 2,99%. Dentro do grupo Transportes, que acumulou alta de 1,50% no mês e impacto de 0,31 ponto percentual no índice geral, a gasolina foi o maior destaque de alta. O combustível teve ganho de 4,75% no mês, além de contribuição de 0,23 p.p. no IPCA. A inflação de serviços desacelerou no mês de julho, para uma alta de 0,25% no mês ante 0,62% em junho. Com isso, o acumulado em 12 meses caiu para 5,63%. Contas públicas Campos Neto voltou a dizer que os resultados das contas públicas impactam as decisões do Banco Central sobre a taxa básica de juros, que teve, neste mês, a sua primeira redução em três anos - para 13,25% ao ano. Ele observou que o mercado financeiro ainda não acredita que as contas do governo terão seu déficit zerado em 2024 - conforme meta que consta na proposta de arcabouço fiscal, a nova regra para as contas públicas. O projeto já passou pela Câmara e Senado, mas precisa de uma nova análise pelos deputados para ter validade. "Precisa equilibrar as finanças para ter uma trajetória de longo prazo de queda dos juros", declarou o presidente do Banco Central. Segundo ele, a instituição consegue controlar somente a inflação de curto prazo, com base na fixação da taxa Selic. Explicou, porém, que as taxas de juros com as quais as empresas se financiam tem por base o mercado futuro - que oscilam de acordo com a confiança dos agentes da economia brasileira. Nesse caso, disse ele, os resultados das contas públicas são importantes. "Infelizmente, o BC não controla os juros do jeito que as pessoas pensam. A gente controla juros de um dia, acima disso é a taxa que as pessoas estão dispostas a emprestar para o governo. Se há percepção de mais risco, cobram mais. O importante é fazer um processo de queda dos juros com credibilidade, pois empresários não se financiam na Selic", disse Campos Neto.